quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A cidade parou no Carnaval, mas a VOR não teve descanso!

O circuito Volvo Ocean Race nas águas do Pacífico teve muita agitação durante o carnaval. Na avenida de águas azuis, o reinado de Momo, ou melhor, do Ericsson 4, foi indiscutível. Desde a largada em Qingdao o time de Torben Grael se mantém na liderança, com o Puma Ocean Racing e o Ericsson 3 acompanhando de perto, mas sem oferecer risco.
O Green Dragon, depois da estratégia equivocada no início da perna, sofre um pouco com a última posição, mas ao enfrentar os doldrums, ou calmarias equatoriais, tudo pode mudar. "Nada como uma boa nuvem," desejou Neal McDonald. Porém, quem surpreendeu mesmo nesse carnaval (ou já era esperado?) foi o vice-líder na pontuação geral, o Telefónica Blue.
O time de Bouwe Bekking fez o que quis e o que não quis com as fracas brisas da região equatorial, e encostou na comissão de frente, mesmo tendo largado com 19 horas de atraso devido a um problema na quilha logo na largada. As 200 milhas de atraso no início da perna agora se resumem a apenas 22, e e se a equipe azul continuar neste ritmo, a competição no Pacífico ficará ainda mais acirrada.
O Ericsson 4 se encontra a 8526 milhas do Rio de Janeiro, e tem uma liderança segura no momento. Em segundo, está o Puma Ocean Racing, a 19 milhas dos líderes. O Telefónica Blue e o Ericsson 3 estão juntos a 22 milhas da equipe de Torben, mas o time espanhol está na frente dos nórdicos. Por último, os sino-irlandeses do Green Dragon, a "longínquas" 66 milhas, mas em uma posição estratégica. Com o dobro de pontos disponíveis nesta etapa, os navegadores terão uma tarefa e tanto para guiar os seus times à vitória, e muita emoção ainda está por vir nesta quinta etapa da VOR.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

"Até a comida parece estar melhor nessa perna..."

Depois de cinco dias navegando pelas águas do Oceano Pacífico, finalmente as tripulações da flotilha da Volvo Ocean Race puderam abandonar as infinitas camadas de roupas térmicas, e até mesmo experimentar uma gastronomia refinada a bordo. "Velejando por tanto tempo no mesmo ângulo e nas mesmas condições você acaba pensando que é o 'dia da marmota'! E pelo jeito deve ser assim que as coisas vão continuar nos próximos dias," disse Simon Fisher, estrategista do Telefónica Blue.
"Mesmo com um sentimento de monotonia tomando conta da tripulação, tudo a bordo está indo bem. A cozinha está melhor do que nunca, com jambón (presunto típico) espanhol, parmesão italiano e mesmo algumas laranjas frescas são uma tentação ao paladar," completou Fisher. Mas a tranquilidade no tempo também trouxe cheiros que, segundo Fisher, não são agradáveis. "A temperatura agora está muito mais quente e a roupa térmica vai sendo tirada aos poucos. A parte ruim é que temos que lidar no momento com os pés fedidos de alguns."
A liderança neste momento pertence ao Ericsson 4, que já cumpriu mais de 2.200 milhas da "maratona" e mantém uma ligeira diferença de 6 milhas em relação ao Puma Ocean Racing, que é o segundo colocado. Na terceira posição, estão os nórdicos do Ericsson 3, a 130 milhas do "barco-irmão" e que, mesmo largando atrasados, conseguiram passar o Green Dragon e abrir 72 milhas. "Nós não queríamos ir tanto para o norte, mas nós tivemos um longo período de ventos fracos dois dias atrás, que nos empurraram para o norte," explicou o skipper Ian Walker. E, em último, está o Telefónica Blue, com 282 milhas atrás do time de Torben Grael.

A grande descoberta do "meia-lua" (Parte 2)

Hoje, no "Veleiros que marcaram a História", continuamos com a história do Halve Maen, ou "meia-lua", que deixou de ser apenas um barco "desajeitado e velho" para ser reconhecido como um dos maiores navios da época das Grandes Navegações por todas as suas descobertas.
No dia 2 de julho de 1608, o Halve Maen chegou aos bancos de areia da Terra Nova, no leste do Canadá. Durante a passagem por lá, os tripulantes constantemente checavam a profundidade do local, usando prumos rudimentares, para evitar que o barco encalhasse. E manter o barco em boas condições era crucial, já que os vigias haviam visto dois veleiros franceses, que na época eram inimigos comerciais da Holanda.
Onze dias depois, o comandante Henry Hudson avistou praias de areias brancas, e percebeu que lá seria um bom local para fazer um reparo definitivo no mastro e reabastecer o barco. Ele entrou na baía de Penobscot, que hoje em dia é um dos destinos de verão mais procurados nos Estados Unidos. Lá, eles puseram um novo mastro no Halve Maen e caçaram lagostas, que eram muito fartas em Penobscot.
Entre julho e agosto, o veleiro desceu a costa americana, cartografando-a. No dia 3 de setembro, o Halve Maen entrou no rio que limita a oeste o que nós conhecemos hoje como a ilha de Manhattan, na cidade de Nova York. Ao desembarcar em terra, Henry Hudson encontrou os índios Lenape, que habitavam a costa da região, e lhes ofereceu facas e contas, recebendo em troca milho e tabaco. Os Lenape chamavam o rio de Muhheakunnuk, ou "grandes águas em movimento constante". Hudson reclamou as terras em nome da Holanda, e chamou o rio de Mountain River, ou "rio das montanhas". A expedição subiu o rio, descobriu e fez vários contatos com os indígenas da região, como os Mahican e Micmac. Em um certo ponto, Hudson percebeu que aquele rio não levaria ao Pacífico, pois as águas estavam ficando cada vez mais rasas.
Depois de ter passado um mês cartografando a região do rio, em 4 de outubro o Halve Maen estava partindo de volta à Europa, pois o inverno estava chegando. Hudson não voltaria à Holanda, pois não sabia qual seria a reação dos holandeses ao saber que ele tinha feito um programa diferente do que haviam acertado: Henry Hudson deveria navegar somente pela rota da Nova Zembla. Assim, ele velejou para Dartmouth, Inglaterra, onde aportou em 7 de novembro. Porém, Hudson foi preso por navegar sob a bandeira holandesa, e foi proibido de deixar a Inglaterra.
Com a prisão de Hudson, o Halve Maen foi abandonado, mas o reconhecimento pelas suas descobertas não tardou muito a chegar: um embaixador holandês conseguiu contato com Hudson na cadeia, e ficou sabendo das "terras férteis e fecundas" que ele havia encontrado. Em 1614, as terras descobertas por Henry Hudson foram chamadas de Nova Holanda, e no local em que o Halve Maen deu a volta no "rio das montanhas" (que hoje é chamado de Rio Hudson) foi fundado o Fort Nassau, atual Albany. Além disso, em 1626 o explorador Peter Minuit comprou a ilha de Manhattan dos índios por 24 dólares (de acordo com a tradição) e deu início ao que hoje conhecemos como Nova York. E foi assim que a história de uma das maiores e mais importantes cidades do mundo começou, graças às descobertas do Halve Maen.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Imagens e Vídeo Exclusivos da Barqueata

Aqui estão algumas fotografias e um vídeo exclusivo da barqueata ocorrida hoje na Baía de Todos os Santos, que contou com a presença recorde de 108 embarcações clamando unidas pela paz e segurança no mar.














"Qual de nós será o próximo?" Esperamos que ninguém!

Há uma semana atrás, a comunidade náutica baiana foi testemunha do pior ato de violência que já aconteceu nas águas da Baía de Todos os Santos. Os velejadores não se calaram, e, unidos sob a bandeira do sentimento de solidariedade e de clamor por segurança na Baía de Todos os Santos, realizaram hoje a maior manifestação náutica de toda a história da Bahia.
A manifestação saiu às 13h00 da ponta do Humaitá, com 108 embarcações, dentre veleiros, escunas, lanchas, monotipos e jet skis, que deixaram seus clubes e marinas para pedir segurança no mar. As embarcações hastearam bandeiras pretas no mastro, como sinal de protesto. A grande presença foi devida à própria organização conjunta dos velejadores, cuja manifestação "não tem nenhuma orientação política, é o sentimento comum de todos."
Durante todo o percurso da "barqueata", as embarcações apitaram, buzinaram e exibiram faixas de protesto, como a que dá título a esta notícia. Ao chegar na praia do Porto da Barra, que estava cheia de banhistas, os velejadores fixaram uma faixa com o slogan da manifestação, e colocaram uma cruz na areia, chamando a atenção dos banhistas, que viram toda a movimentação do protesto.
Ao final, os velejadores declararam no rádio que "a missão foi cumprida", e agradeceram a todas as 108 embarcações presentes. Essa manifestação foi coberta inteiramente pela imprensa baiana, as quais destacamos: jornais A Tarde, Correio da Bahia, Tribuna da Bahia; canais de TV Bandeirantes, Itapoan Record, TV Bahia; e a rádio BANDNews 99.1, aos quais agradecemos o apoio. Logo mais, publicaremos aqui no Blog da FENEB as fotos do evento.

A grande descoberta do "meia-lua" (Parte 1)

Na época das Grandes Navegações, os holandeses ficaram muito atrás dos líderes da época: embora a Holanda fosse a principal refinadora de açúcar no continente europeu, os portugueses e espanhóis detinham a maior parte das rotas de cana-de-açúcar das Américas, assim como de especiarias das Índias, para a Europa. Porém, os holandeses precisavam dominar também uma maneira única de chegar às feitorias em território asiático. Hoje, no "Veleiros que marcaram a História", a história do Halve Maen, o veleiro que ficou encarregado de descobrir em nome da Holanda um novo jeito de chegar às Índias: pelo nordeste.
Em 1608, a Companhia das Índias Orientais da Holanda tinha informações de que uma possível passagem para a Ásia passando pelo nordeste da Rússia (próximo à ilha de Nova Zembla). Para a expedição, chamaram o inglês Henry Hudson, que tinha uma boa experiência velejando em águas árticas. Contudo, o barco que ele velejaria seria o Halve Maen, que em holandês significa "meia lua", um barco com um modelo antiquado e um tanto "desajeitado". Embora Hudson tenha reclamado outro barco, a Companhia lhe disse que se recusasse o veleiro, chamariam outra pessoa para comandá-lo. Mal sabia Hudson que este seria o barco que lhe faria famoso para sempre...
No dia 25 de março de 1609, a expedição saiu de Amsterdã, com destino à passagem pelo norte da Rússia. Porém, o Halve Maen enfrentou ventos muito fortes e muito frio, além da passagem estar bloqueada pelo gelo na altura da Noruega. Alguns historiadores dizem que ocorreu um motim, devido a uma briga entre marinheiros ingleses e holandeses. Já outros dizem que o próprio Henry Hudson decidiu quebrar o contrato com a Companhia das Índias Orientais e velejar para o sul, em busca de um clima melhor. Alguns dias depois, eles pararam nas Ilhas Faroe para reabastecer, e decidiram continuar viagem... só que, desta vez, os holandeses cruzariam o Atlântico.
Como Hudson era inglês, alguns estudiosos levantam a hipótese de que ele tinha informações da Marinha britânica de uma tal "passagem pelo noroeste", pelo norte do atual Canadá, ou ainda uma pelo sudoeste. Mas a travessia do oceano trouxe à tripulação ainda mais problemas, como uma fortíssima tempestade que quebrou o mastro de proa, levando junto a genoa em 15 de junho. Apenas quatro dias depois as condições melhoraram o suficiente para um mastro com velas de fortuna pudesse ser levantado.
Quarta-feira, na segunda parte do "Veleiros que marcaram a História" desta semana: a chegada do Halve Maen à América, e os lugares descobertos por Henry Hudson e sua tripulação em nome da Holanda; e como um navio, considerado na época "desajeitado e velho" é admirado até hoje nos Estados Unidos pela sua imensa importância no início da colonização norte-americana.

TeleAzul de volta à flotilha!

Após uma longa noite de trabalho ininterrupto na quilha, a equipe do Telefónica Blue confirmou que não havia nenhum problema estrutural devido ao incidente de ontem, e voltaram à regata às 07h42 (20h42 de ontem, horário da Bahia). Embora tudo pareça um pouco misterioso, a equipe acredita que a colisão com uma rocha tenha sido a culpada por este revés.
Mesmo com o atraso, o navegador Tom Addis acredita que o atraso na largada pode ter beneficiado a equipe azul: "A gente consegue uma largada melhor agora do que a dos outros caras. Eles tinham uma brisa de sul fraca, sem rondar para o norte ainda, e nós já vamos largar com esse vento norte. Nós não devemos ganhar exorbitantes milhas deles com isso, mas devemos chegar no ritmo um pouco mais rápido."
Sobre a colisão, Addis revela que ficou com um peso na consciência: "Eu estou um pouco chateado com o que aconteceu. Todas as cartas e as informações que nós tínhamos deveriam ser claras, mas isso continua rodando na minha cabeça." Já o skipper, Bouwe Bekking, isenta o tático de responsabilidades: "Ele não fez nada de errado, e foi isso que eu disse pra ele. Tinha um lugar raso, mas nós estávamos bem longe dele."
Hoje pela manhã, o Ericsson 4 retomou a liderança, e é seguido de perto pelo Puma Ocean Racing, a 6 milhas. Depois, está o Green Dragon, o Ericsson 3 (que largou mais tarde) e, finalmente, o Telefónica Blue.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Estamos a 40 milhas, mas não estamos fora", diz skipper do Ericsson 3

Antes mesmo da quinta perna da Volvo Ocean Race largar no porto de Qingdao em direção ao Rio de Janeiro, o Telefónica Blue sofreu uma séria rachadura na quilha que quase afetava seriamente o bulbo. Tudo aconteceu quando o procedimento de largada já havia começado e, enquanto os azuis procuravam a melhor posição na raia, aparentemente eles encalharam e a velocidade despencou instantaneamente de sete nós para zero.
Houve uma tentativa de diagnosticar o problema ainda na água, mas a equipe suspendeu o procedimento de regata e subiu o barco nas docas para descobrir o que havia ocorrido. Foi então que se viu a enorme rachadura no lado de bombordo do bulbo da quilha. "Nós não podemos assumir qualquer risco numa perna de 12.000 milhas, então nós temos que fazer uma inspeção geral e ver quais foram as consequências. Precisamos deixar tudo em bom estado," disse o skipper Bouwe Bekking.
"Nós estávamos no meio do oceano e nós sabíamos que tinha um ponto raso cartografado com três metros (de profundidade), mas nós estávamos a mais de 110 metros de distância. Saímos de 11 metros de água para uma parada total. Não tinha razão nenhuma pra isso acontecer. Um problema estrutural seria um grande revés e isso se torna um drama. Não quero nem pensar nisso," afirmou Bekking. Estima-se que os reparos no Telefónica Blue demorem cerca de 24 horas, já que há a necessidade de fazer uma checagem completa na estrutura do barco.
Enquanto tudo isso acontecia com os azuis, o Ericsson 3 estava chegando em Qingdao para receber os quatro pontos pela quarta perna, que eles completaram depois de 27 dias entre quebradeira de vento e reparos. O veleiro foi recebido na China às 18h01 (07h01, horário da Bahia) com fogos de artifício e muita festa, depois do time ter feito algo que eles mesmos achavam que era "quase impossível".
Magnus Olsson refletia bem o sentimento de determinação e perseverança da equipe: "Eu me sinto como um Viking! Acho que competi em mais de 40 pernas da Whitbread/Volvo e nunca abandonei uma perna. Eu sempre cheguei em todas, mas o meu sentimento agora é que esta chegada foi a melhor da minha vida! Estamos a 40 milhas, mas não estamos fora!"
Mal os nórdicos chegaram, eles só tinham duas horas para carregar o barco com mantimentos para 40 dias no mar, algumas velas, combustível, receber a alfândega, além de fazer uma substituição na tripulação: saem Richard Mason (lesionado), Jan Neergaard e Klas Nylof e entram Magnus Woxen, Arve Roaas e Eivind Melleby. Assim, o Ericsson 3 voltou à regata, 47 milhas atrás do líder, Puma. Já Green Dragon e Ericsson 4 seguem na cola do primeiro, mas os ventos fracos prometem complicar um pouco mais as coisas.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Secretário de Segurança Pública recebe FENEB e comunidade náutica

Na quarta-feira 11 pela manhã, os representantes da Federação de Esportes Náuticos do Estado da Bahia (FENEB), dos Clubes Aratu Iate Clube, Yacht Clube da Bahia, Saveiro Clube, Angra dos Veleiros, das marinas Bahia Marina, Marina Aratu e Píer Salvador além do Grupo de Trabalho Náutico (GT Náutico), foram recebidos pelo Secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, César Nunes.
Nesta audiência, foram tratados assuntos pertinentes à falta de segurança pública para os navegadores da Baía de Todos os Santos, momento em que, o Presidente da FENEB, Arnaldo Pimenta, passou às mãos do Secretário o Manifesto elaborado por toda a comunidade náutica da Baía de Todos os Santos, contendo apenas 5 (cinco) itens que, uma vez executados, seguramente, trarão mais tranquilidade aos navegantes e frequentadores dos principais pontos turístico da BTS.
O Secretário informou que várias ações já estão sendo tomadas pela Secretaria de Segurança Pública com vistas a normalizar a situação em Itaparica, começando pela substituição do Delegado titular por outro mais enérgico além da mobilização da Polícia Ambiental para patrulhamento embarcado, naquela localidade.
Cabe-nos, agora, acompanhar e monitorar a execução de, no mínimo, aqueles cinco ítens elencados no Manifesto.

Dois dias para a largada!

Depois da tempestade vem a bonança? Não para os velejadores da Volvo Ocean Race! No sábado pela manhã (madrugada de sexta para sábado, horário da Bahia) será dada a largada da quinta perna da regata para o Ericsson 4, Telefónica Blue, Puma, Green Dragon... e, quem sabe, para o Ericsson 3 também.
Não há dúvidas de que as 12.000 milhas (a maior distância já percorrida numa perna da VOR) serão um desafio enorme para as equipes, que terão que lidar com o vento norte do mar da China, as calmarias no Equador, as minúsculas ilhas da Polinésia, os mares do sul e, como se já não bastasse, a passagem pelo Cabo Horn. Até aí já tá bom demais, né? Que nada, os barcos (ainda) vão ter que subir até o Rio de Janeiro...
Os quatro VO70's que estão em Qingdao estão praticando diariamente para a próxima perna, fazendo os últimos ajustes nos veleiros. Enquanto isso, o Ericsson 3 corre contra o tempo para chegar na China a tempo de largar junto com os outros. Enquanto Torben Grael, Bouwe Bekking, Ken Read e Ian Walker estão com "a vida ganha", o horário de folga de Magnus Olsson será quando os nórdicos chegarem ao Rio!
Sem contar que os desafios estratégicos proporcionados pelos scoring gates, ou portões de pontuação, na Latitude 36ºS e no Cabo Horn, e pela obrigação de deixar a Nova Zelândia por boreste, poderão causar uma bela briga entre os competidores. Os navegadores, que cuidam da tática na equipe, serão cruciais para o sucesso dos times, já que o dobro de pontos estarão disponíveis nesta perna, devido aos dois portões. Espera-se muita emoção nesta etapa inédita da Volvo Ocean Race, e o Blog da FENEB acompanhará diariamente as últimas notícias sobre a mais importante regata de volta ao mundo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ericsson 3 de volta à regata e TeleAzul de leme novo

Depois duas semanas consertando o barco ininterruptamente em Taiwan, o Ericsson 3 soltou as amarras do porto de Hualien, onde concluíram os últimos reparos, e se dirige ao ponto onde "suspendeu" a regata, a 60 milhas da costa taiwanesa, para então se dirigir a Qingdao e receber os quatro pontos destinados ao quinto colocado na quarta perna da Volvo Ocean Race.
"Nós realmente trabalhamos como maníacos. O time de terra e os velejadores lutaram contra o relógio e agora estamos de volta na corrida. Eu realmente quero dar os créditos para toda a equipe pelo trabalho fantástico," declarou o skipper Magnus Olsson. Mesmo com a estimativa de chegada no porto chinês sendo de sexta-feira à noite ou sábado pela manhã, Olsson ainda se mantém otimista: "Não estamos pensando se durante a viagem vai estar frio e não estamos preocupados com os fortes ventos que vamos ter pela frente. Já estamos muito felizes por estar de volta à regata. E, ao mesmo tempo, temos que nos manter unidos."
Segundo o navegador, Aksel Magdahl, se a previsão do tempo da equipe estiver correta, os nórdicos demorarão 50 horas para chegar em Qingdao... bem na hora de pegar os quatro que participaram da in-port e largar junto com eles para a quinta perna.
Enquanto isso, na China, o Telefónica Blue avaliou que a melhora no desempenho no seu barco-irmão, o Telefónica Black, depois da troca dos lemes por outros maiores, foi significativa, e também vai fazer esta mudança estrutural. Com isso, o TeleAzul cede três pontos na luta pela liderança contra o Ericsson 4 e fica a apenas um ponto na frente do Puma, mas pergunte a Bouwe Bekking, skipper do time, se ele sente alguma culpa por esta decisão. "Nós achamos que vale a pena," disse o holandês.
Um dos motivos para a mudança foi o fraquíssimo desempenho do veleiro em situações de vento em popa, como na primeira perna, que ficaram em quinto lugar. "Em situações de ventos fortes de popa nós seremos beneficiados, assim como teremos algum benefício na orça," completou Bekking.

A escuna que mudou a vela pra sempre (Parte 2)

Eis aqui a segunda parte de mais um "Veleiros que marcaram a História", que esta semana traz para o amigo leitor a história da escuna America, idealizada por seis velejadores americanos que tinham como objetivo provar à Inglaterra que os Estados Unidos tinham tecnologia suficiente para competir igualmente com os grandes iates da nação que dominava os mares naquela época.
Como diz o saber popular, de nada adianta uma grande embarcação se você não tem uma tripulação suficientemente boa, e vice-versa. No caso da escuna americana, eles possuíam ambos; tinham um dos barcos mais velozes da época e tripulantes com muita experiência em navegar pelos baixios do Rio Hudson, que corta a cidade de Nova York. Dentre os tripulantes, há de se destacar a importância da escolha do skipper Richard Brown, um dos mais habilidosos membros dos "Pilotos de Sandy Hook", conhecidos mundialmente pela habilidade com que navegam por entre os inúmeros bancos de areia do Hudson.
Com a America longe da primeira posição, o skipper Brown tomou uma iniciativa ousada: no lado leste da ilha, os baixios do lado leste da Ilha de Wight (chamados de "Nab Rocks") costumavam ser deixados a bombordo pelos veleiros em competição. Porém, um barco que tivesse um piloto habilidoso poderia passar entre a terra e o "barco-farol" que demarcava o baixio. Com isso, a escuna da ex-colônia pulou para a primeira posição e, embora um dos adversários tivesse protestado, a comissão de regata declarou a manobra como legal e rejeitando o pedido de protesto, já que as regras não especificavam por qual lado o barco-farol deveria ser deixado.
Um pouco após as 18h00, a America cruzou a linha de chegada na frente dos outros 14 barcos do Royal Yacht Squadron (Real Esquadra de Vela) inglês, com uma diferença de oito minutos para o segundo colocado, o Aurora. Diz a lenda que a Rainha Victoria assistia à regata e, ao ver o veleiro americano ganhar a competição, perguntou quem era o segundo colocado. A resposta, que se tornou famosa, foi: "Ah, sua Majestade, não existe segundo!"
Dez dias depois, a história do veleiro se separou da do sindicato que ganhou a famosa corrida com ele. Enquanto a tripulação doou o troféu ao New York Yacht Club, que se tornou o defensor da Taça e mantenedor de uma série invicta de 132 anos, a America foi vendida por 3 vezes em 7 anos, sendo renomeada Camilla. Em 1860, a escuna voltou para os Estados Unidos sob o comando de Henry Edward Decie, que depois vendeu-a para os Estados Confederados durante a Guerra Civil Americana, na qual a Camilla participou em diversos bloqueios navais à União. Dois anos depois, os ianques recuperaram o veleiro e o nomearam de novo como America, num período em que foi armada com três canhões que podiam atingir alvos a até um quilômetro.
Ao fim da Guerra de Secessão, a Marinha americana usou a escuna como barco-escola, e até a inscreveu na America's Cup de 1870, ficando com o quarto lugar. Em 1873, o veleiro passou de mãos de novo, desta vez para Benjamin Butler, que cuidava muito bem do barco. Porém, com a morte de Butler, a America foi passando por longos períodos de falta de manutenção, que prejudicavam muito a estrutura do veleiro.
Em 1921, o Fundo de Restauração da America comprou a escuna e doou-a à Academia Naval americana, sediada em Annapolis. Mesmo lá, a falta de manutenção deixou o velho barco em um estado crítico até que, em 29 de março de 1942 a carreta onde o veleiro estava cedeu e danificou seriamente a estrutura da histórica escuna, impedindo qualquer tentativa de restaurá-la. Finalmente, em 1945, os restos da carreta e da America foram queimados, terminando assim com a vida de um barco que participou ativamente do início da vela como esporte, e que deu a largada para a disputa centenária da taça que leva seu nome.
fonte: Wikipédia

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

"O que estamos tentando fazer é quase impossível. Mas nós vamos conseguir!"

Faltam apenas 4 dias para o início da quinta perna da Volvo Ocean Race, e todas equipes estão mais do que determinadas em vencer todos os desafios que aparecerem na frente. Ericsson 4, Telefónica Blue, Puma Ocean Racing e Green Dragon estão mais tranquilos, já que ganharam os pontos da in-port e ainda têm o resto da semana para praticar. Mas já os outros...
Telefónica Black e Delta Lloyd estão fazendo os últimos preparativos nos barcos para enviá-los de navio para o Rio de Janeiro, onde concluirão os reparos e treinarão para a regata in-port que ocorrerá na Cidade Maravilhosa. O TeleNegro será embarcado em Singapura, onde o skipper Fernando Echavarri falou um pouco sobre a situação do veleiro: "Consertamos o barco rapidamente nas Filipinas até um estado no qual poderíamos levá-lo velejando até Singapura. Ficamos felizes com a volta, com vento em popa a maior parte do tempo, foi tudo fácil no barco. Passamos quatro dias para deixar o barco pronto para o transporte, e hoje iremos prepará-lo para deixá-lo acomodado no navio."
Já o time holandês, comandado por Chuny Bermudez, não tem tanta folga assim. De Taiwan, onde abandonou a quarta perna, o Delta Lloyd seguiu de navio para Hong Kong, para enfim ser transportado até o Rio de Janeiro. Estima-se que chegarão ao Brasil em 11 de março, 1 semana depois da previsão de chegada dos barcos que correrão a quinta perna. Porém, a equipe ainda terá que conduzir os extensos reparos na proa, e ainda proceder com a colocação de um novo mastro.
Contudo, a situação do Delta Lloyd parece uma calmaria na frente da tormenta que cerca o Ericsson 3, como a fala de Magnus Olsson no título da postagem mostra. O time nórdico planeja completar a quarta perna, fazer um pit-stop em Qingdao e prosseguir com a "maratona" até o Rio de Janeiro... o que pontos extras em jogo não fazem! Para turbinar ainda mais a tripulação, dois veteranos foram chamados para compôr a tripulação: o sueco de 37 anos Magnus Woxen, que correu as últimas 3 VOR's; e o norueguês Arve Roaas (na 2ª foto), de 47 anos, que participou na última VOR a bordo do Ericsson. Ambos estão muito animados com o potencial da equipe: "É realmente um grupo muito bom de pessoas, e acho que não vai ser um problema entrar na equipe no meio da regata," disse Woxen. "O Volvo Open 70 é uma máquina de velejar a sério - e tem todo o meu respeito. Eu realmente estou esperando por correr com o barco, passar o Cabo Horn e chegar ao Rio," afirmou Roaas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Torben leva Ericsson 4 de volta ao primeiro lugar




E aconteceu! Depois de dois dias de retardamentos e adiamentos, a regata in-port de Qingdao, válida pela Volvo Ocean Race, foi disputada hoje pela manhã (início da madrugada, horário da Bahia), com o Ericsson 4 conquistando, nas duas regatas que compõem o resultado, um primeiro (depois de uma grande batalha nas brisas chinesas com o Green Dragon) e um segundo lugar (com ventos mais fracos ainda, com o Telefónica Blue passando à frente com estilo).
Com isso, Torben Grael levou o Ericsson 4 a uma liderança um pouquinho só mais folgada na classificação geral, com 4 pontos na frente do Telefónica Blue de Bouwe Bekking. No terceiro lugar da in-port, ficou o Puma Ocean Racing de Ken Read, que ganhou nos critérios de desempate do Green Dragon e abriu uma dianteira de 11 pontos sobre o time de Ian Walker.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A Comunidade Náutica Baiana está de LUTO.

É com pesar que informamos que um velejador foi morto à bordo de uma embarcação fundeada em Itaparica, hoje, por volta das 2h20min da madrugada.

Tragédia anunciada?

Não sabemos...

Sabemos apenas que este foi o quinto assalto a mão armada envolvendo embarcações fundeadas em Itaparica em um pouco mais de doze meses. No início, roubaram apenas pertences, no mês passado espancaram um casal de franceses e, agora, assassinaram à sangue frio um velejador que dormia à bordo da embarcação nas imediações da Marina de Itaparica.

Em agosto de 2008 a FENEB promoveu uma mesa redonda envolvendo os clubes náuticos, o Prefeito de Itaparica com seus respectivos secretários e velejadores para discutir sobre o tema. Foram relacionados alguns pontos sugeridos pelos presentes resultando num manifesto que foi entregue ao Prefeito naquela ocasião. Criou-se também, naquela época, um grupo composto por representantes de cada um dos clubes da Baia de Todos os Santos-BTS e de representantes da Prefeitura de Itaparica. Infelizmente, por conta das eleições municipais, o grupo enfraqueceu-se e se dissolveu antes de atingir seus objetivos.

Hoje, a FENEB, por intermédio da SUDESB, solicitou uma audiência com o Governador do Estado da Bahia envolvendo a Capitania dos Portos, a Prefeitura de Itaparica e os comodoros dos Clubes Náuticos com o objetivo de mediar a busca de uma solução definitiva para a segurança no mar, especialmente no que tange ao fundeio em Itaparica.

A escuna que mudou a vela pra sempre (Parte 1)

Era o ano de 1851. Um grupo de seis americanos queria provar para o "Velho Mundo" (no caso, os ingleses) que a ex-colônia já tinha tecnologia suficiente para construir veleiros que não seriam apenas competitivos, mas superiores ao da "metrópole" Inglaterra. A escuna de 100 pés, que seria construída apenas com esse propósito, acabou dando seu nome àquela que é a competição mais antiga de todo o mundo. Hoje, no "Veleiros que marcaram a História", a estrela é a America, que iniciou a disputa que hoje é conhecida como America's Cup.
Desenhada para ser veloz, a escuna media 101 pés e 3 polegadas (30.9 metros), mas possuía uma linha d'água muito menor, de apenas 89 pés e 10 polegadas (27.39 metros). Isso dava à America uma vantagem ao adernar, e a área vélica de 492 m² transformava-a numa verdadeira máquina de velejar. A idéia de construí-la partiu de John Cox Stevens e outros cinco sócios do New York Yacht Club, que queriam construir um veleiro para mostrar as habilidades da construção naval americana na Inglaterra, além de ganhar dinheiro ao competir em regatas.
A imprensa náutica britânica já acompanhava a construção da escuna, já com uma certa cautela. Ao chegarem no porto de Cowes, na ilha de Wight, no dia 31 de julho, o veleiro inglês Laverock logo apareceu e desafiou o veleiro americano. Embora haja uma contradição nos resultados, Stevens depois afirmou que a America venceu o desafio, desencorajando outros barcos britânicos a enfrentarem o time da ex-colônia. Depois de quase um mês sem encontrar um adversário, a America aceitou participar da regata de 53 milhas que daria a volta no sentido horário pela ilha de Wight, aberta para todos os veleiros e "bico-de-proa", ou seja, sem ratings.
Às 10 da manhã do dia 22 de agosto, foi dada a largada para a regata do Royal Yacht Squadron, mas a America largou atrasada devido a um problema na âncora, o que deixou-a atrás dos outros 14 competidores, todos ingleses. Parecia que tudo ia dar errado para o promissor veleiro americano, que tentava provar a competência dos estaleiros ianques para o centro da vela mundial na época, que era a Inglaterra. Após algum tempo de regata, a escuna conseguiu recuperar algum terreno e ficar no quinto lugar, mas a única coisa que interessava à tripulação era o primeiro lugar. Mas as águas da ilha de Wight reservavam uma surpresa tática que apenas a America e o seu skipper Richard Brown teriam a coragem de executar.
Na segunda parte da nossa reportagem, na quarta-feira, descubra como foi o fim da regata nas águas do Solent e o início de uma das séries de vitórias seguidas mais longas do esporte mundial, que durou 132 anos, e saiba qual foi o destino da America depois da histórica regata contra os ingleses, e todas as aventuras pelas quais ela passou aqui, no "Veleiros que marcaram a História".

Sem neblina... mas também sem vento!

O sol apareceu hoje em Qingdao e o vento prometia ter força suficiente para permitir uma "corrida justa." Mas a brisa "deu um bolo" nos quatro times, na comissão de regata e em todos que apareceram nas docas chinesas para prestigiar a regata in-port da Volvo Ocean Race, e forçou o adiamento da regata pela segunda vez, para segunda-feira.
A comissão bem que tentou e não se deu por vencida, e o fato da manhã ter sido de céu limpo já favorecia as condições para que o evento fosse realizado, e ao meio-dia (01h00, horário da Bahia) a flotilha saiu do porto de Qingdao e se dirigiu à raia, esperando apenas o aval da comissão de regata para começar a luta pelos quatro pontos destinados ao vencedor. Porém, mesmo duas horas depois ainda não havia sinal de vento, com o Puma e o Green Dragon já começando a ensaiar uma "saída à francesa".
Por fim, às 14h15 (03h15, horário da Bahia), o tempo limite expirou e ganhou do comitê de regata. O CEO da Volvo Ocean Race e participante da edição 2005-2006 a bordo do Brasil 1, Knut Frostad, confirmou que haverá outra tentativa amanhã, com a expectativa de condições mais favoráveis. Com apenas 1.5 nó de vento, nem os poderosos VO70's podem fazer milagre.
Siga as últimas notícias sobre a regata in-port de Qingdao aqui no Blog da FENEB diariamente pela manhã!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

"Tente outra vez..."

A sica de Raul Seixas ilustra bem o que aconteceu hoje pela manhã (madrugada, horário da Bahia) nas águas do porto chinês de Qingdao. A organização da Volvo Ocean Race e os quatro veleiros participantes bem que tentaram, mas a intensa neblina que caiu sobre a raia da regata in-port, junto com a falta extrema de ventos, forçaram o adiamento da regata para amanhã.
"Hoje foi difícil pra todo mundo. Tentamos ficar por lá o máximo possível, mas não era pra ser hoje. Vamos tentar de novo amanhã," disse o oficial da comissão de regata Bill O'Hara. "Por alguns minutos, o cenário se mostrou promissor, mas no final, nós não tínhamos condições de realizar uma regata boa. Os times foram perfeitos, nos deram suas opiniões e estavam querendo esperar por lá o máximo possível. Espero que esteja melhor no domingo," completou O'Hara.
O vento parou desde o início da manhã no porto chinês, e a organização ficou apreensiva, adiando cada vez mais o horário de largada. Os veleiros disputariam duas regatas, mas se as condições não permitirem a segunda corrida, a primeira apenas basta para contar como o resultado da regata in-port. Para amanhã, as duas regatas continuam de pé, basta Éolo ajudar e soprar bons ventos para a flotilha.
Embora um pouco desapontados, os times concordaram plenamente com a decisão da comissão de regata de cancelar as competições de hoje. "O comitê de regata tomou uma decisão absolutamente correta," disse o skipper do Puma Ocean Racing (na 2ª foto, com o Ericsson 4 por trás), Ken Read. "Foi desapontante. Não acho que nós pudéssemos fazer alguma coisa pra mudar a situação. Muitas pessoas vieram aqui para ver a corrida dos barcos e elas estarão desapontadas, mas com fé poderemos correr amanhã," disse Ian Walker, comandante do veleiro "da casa", o Green Dragon. Mas Walker não perdeu nem um pouco do bom humor: "Eu volto aqui qualquer dia da semana se estiverem pontos em jogo!"
Mesmo assim, as previsões de amanhã não são nada animadoras, com ventos de 4 a 6 nós, podendo subir a 8 nós, e muita neblina. O Blog da FENEB está acompanhando e trará as últimas notícias sobre a in-port de Qingdao assim que possível.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Conferência de imprensa cautelosa em Qingdao


da esquerda para a direita: Ian Walker (Green Dragon), Iker Martinez (Telefónica Blue), Torben Grael (Ericsson 4) e Ken Read (Puma Ocean Racing)


"Iker, a sua experiência Olímpica em Qingdao dará uma vantagem na hora de decifrar estas águas?"
Martínez, o co-skipper do Telefónica Blue, sugeriu que não.
"Ian, você sente alguma pressão extra em alguma das suas 'casas'?"
Walker, o skipper do time sino-irlandês Green Dragon, simplesmente mexeu os ombros.
"Você pode identificar um favorito, Torben?"
Se Grael, o atual líder e comandante do Ericsson 4, pudesse, ele certamente não queria falar em voz alta.
"Kenny, qual a importância de uma boa largada?"
Read, o homem comandando il Mostro (O Monstro), mais conhecido como Puma, não podia responder confiantemente sem antes ver uma análise da corrente local.

A incerteza caiu sobre os skippers dos quatro veleiros sobreviventes da Volvo Ocean Race na conferência de imprensa realizada hoje às 13h30 (02h30, horário da Bahia) em Qingdao. O assunto era a regata in-port de amanhã, mas o fato de apenas quatro skippers estarem presentes e a previsão meteorológica indicar apenas 2 a 7 nós de vento deu um ar surreal ao encontro.
Nenhum dos comandantes fazia idéia - ou pelo menos não aparentava fazer - de como seriam as condições amanhã. A última in-port com pouco vento foi realizada em Alicante, na Espanha, antes do início da primeira perna, com o Telefónica Blue conquistando a vitória. Dizem que os azuis levariam alguma vantagem em ventos fracos, além da experiência do co-skipper Iker Martinez e de Xabier Fernandez nestas águas, onde treinaram por três anos e conseguiram uma medalha de prata nas Olimpíadas. "Nós passamos um tempo velejando por aqui até conseguir uma boa velocidade com nosso barco e saber como são os ventos e as marés. Mas eu acho que com estes barcos (VO70's), não irá fazer tanta diferença. Eu acho que esse conhecimento local não será a coisa mais importante. Nessas corridas curtas temos que fazer montes de manobras, e eu acho que isso irá fazer diferença," disse Martinez.
Ken Read também usou de diplomacia quando teve de responder às perguntas: "Acho que nós velejamos muito com pouco vento, mas o ponto aqui, como Iker falou, é que os barcos que eram bons pra velejar com ventos fracos agora têm competição vinda dos outros apenas porque os outros aprenderam a velejar com brisas. Nós temos a grande genoa que podemos manobrar na força do braço em pequenos percursos. É bem provável que todo mundo tenha escolhido ela," disse o skipper do Puma Ocean Racing.
O brasileiro Torben Grael e a sua equipe no Ericsson 4 estão "numa boa". Mesmo com o terreno perdido para o Telefónica Blue na briga pela liderança, Torben pareceu tranquilo na conferência: "Nós estamos bem. A corrida está sendo boa pra gente. Os ventos estiveram bem fracos durante o tempo que estivemos aqui e não vejo nenhuma mudança pra este fim de semana. Se os ventos forem fracos assim, não duvido que todo mundo vai usar os grandes (Code) Zeroes. Eles fazem o barco andar mais rápido, mas as manobras mais lentas. Deve ser uma regata interessante, qualquer um pode vencer."
Ian Walker, sofrendo a pressão local por representar a China na corrida, aparentava estar menos relaxado, pois tinha acabado de descer o barco na água: "A equipe de terra fez um trabalho fantástico. Estamos prontos para correr e agradecemos a eles. A largada é sempre a parte mais importante mas eu ainda não tive oportunidade de velejar e saber como estão as coisas, por isso eu preciso ir lá hoje e tirar minhas próprias conclusões."
A incerteza parece ser a única certeza para esta in-port. Mesmo assim, o skipper do Green Dragon parecia estar animado: "Já temos garantido um lugar no top 4!" A in-port amanhã será às 13h00 (02h00, horário da Bahia), e o Blog da FENEB trará um resumo completo de como foi a regata logo pela manhã.

FENEB Entrevista: John Martin

Hoje, o FENEB Entrevista tem a honra de trazer como convidado o Comodoro do Royal Cape Yacht Club, John Martin, que fez parte da comissão de regata da edição 2009 da Heineken Cape to Bahia. Numa conversa agradável no Terminal Náutico da Bahia, enquanto esperávamos a tripulação do Rambler chegar para as boas-vindas, John nos contou um pouco da relação da África do Sul com a vela e não poupou elogios à Bahia.
Blog da FENEB: Comodoro John, você poderia nos falar um pouco sobre o Royal Cape Yacht Club?
John Martin: O RCYC é o maior clube de veleiros de oceano de toda a África do Sul, com 150 barcos e 3000 membros e destes, 40% são velejadores. Nós também temos 15 veleiros de oceano que correm pela classe IRC, ou seja, são realmente muito competitivos. Entre os nossos associados estão vários dos melhores velejadores do nosso país, alguns já inclusive usaram as "cores do Springbok", a maior honra esportiva da África do Sul.

Blog: Qual a importância da Heineken Cape to Bahia para o mundo da vela sul-africano?
Martin: É a nossa regata mais importante, e justamente um dos objetivos do Royal Cape Yacht Club é promover a vela sul-africana internacionalmente. A primeira regata trans-atlântica que organizamos foi a Cape to Rio em 1971. Mas, em 2003, nós percebemos que Salvador seria um lugar melhor para a chegada.

Blog: Por quais motivos?
Martin: Aqui na Bahia sempre temos brisas soprando, temos uma melhor competitividade na chegada, a infra-estrutura para os velejadores é melhor do que no Rio de Janeiro, já que tudo está muito próximo do ancoradouro, e fica mais fácil preparar a viagem de volta. Nós também recebemos ajuda do Cônsul-Geral do Brasil na África do Sul, Joaquim Sales, e acreditamos que existe um grande potencial do turismo entre os dois países e até mesmo em trocas culturais entre a Cidade do Cabo e Salvador. Nós do RCYC estamos felizes de estar aqui pela segunda vez, e pela Bahia ter aceitado receber a corrida. Agradeço ao Governo da Bahia pela ajuda na organização da nossa regata.

Blog: Este ano tivemos muita emoção na Heineken Cape to Bahia, principalmente pela disputa entre o Rambler e o ICAP Leopard. Como você enxerga a presença de veleiros internacionais na regata?
Martin: Este ano, temos veleiros de 9 países e velejadores de 27 nacionalidades, sem contar com os participantes do Atlantic Rally for Cruisers. Um dos meus objetivos era trazer os super-maxi's para a regata, para aumentar o nível de competição.

Blog: Quais as regatas internacionais que o Royal Cape Yacht Club sedia além da Volvo Ocean Race?
Martin: Nós sediamos ano passado a Portimão World Race, que tinha barcos competindo em solitário e em duplas. Junto com a Heineken Cape to Bahia está vindo 19 barcos do Atlantic Rally for Cruisers, e está pra vir esse ano também o Clipper Challenge.

Blog: Como você vê o desempenho dos velejadores "da casa" na Cape to Bahia?
Martin: Nós temos o Hi-Fidelity, que deve ser o próximo a chegar, e é o líder no tempo corrigido entre os sul-africanos. Nós tínhamos também o Vineta, de bandeira alemã mas com tripulação do RCYC, que é muito competitivo, mas perdeu o mastro logo no início. Nós também temos dois barcos com tripulações jovens: um deles é o Over Proof, que estava velejando muito bem, mas teve que abandonar por causa dos lemes quebrados; o outro é o Voortrekker, que é tripulado por alunos e ex-alunos de uma academia de vela para crianças de famílias pobres.

Blog: O Royal Cape Yacht Club tem uma escola de vela ou classes de monotipos?
Martin: Não, não, o RCYC é só de veleiros de oceano. Porém, nós temos um programa de incentivo e apoio à formação de jovens velejadores com diversas escolas de vela por todo o país, e nós chamamos os melhores para competir na vela de oceano. A Academia de Izivunguvungu, da Marinha da África do Sul, conta com o apoio do RCYC. Nós pagamos os cursos e damos incentivos aos jovens para que participem da academia.

Blog: O objetivo da FENEB é exatamente este: fomentar a vela no Estado da Bahia, através de projetos para trazer a vela para perto do público e, consequentemente, dos jovens. Para você, qual é o caminho certo na construção de uma sociedade que apóie e incentive a vela?
Martin: Acredito que vocês aqui na Bahia estão fazendo certo, permitindo ao público que participe da vela. A vela não é um esporte de elite, e muitas vezes o dono do barco não é o capitão. O caminho a seguir envolve trazer o público e dar oportunidade às pessoas para que tenham experiência competitiva no esporte e para que saibam que é um esporte com preços acessíveis. Deve-se ensinar às pessoas as noções básicas da velejada, de navegação, e dar oportunidade para que eles façam parte de uma tripulação e que desenvolvam diferentes habilidades, como as de skipper, proeiro ou navegador. E, se o Governo gastar só um pouquinho mais com o esporte, poderá ajudar a trazer a vela para mais perto do público da Bahia.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

V Regata Salvador-Morro de São Paulo atrai velejadores de outros estados

Uma regata criada despretensiosamente por um grupo de velejadores de Hobie Cat da Bahia há cinco anos atrás, começa a se tornar uma das mais concorridas regatas de catamarans do país.
De fato, a Regata Salvador - Morro de São Paulo tem os principais ingredientes para atrair velejadores de toda parte do Brasil e de outros países. A regata tem um caráter único. É uma regata realizada fora das águas da Baía de Todos os Santos, com largada na belíssima cidade de Salvador e chegada em um dos mais procurados destinos turísticos do país, o paradisíaco Morro de São Paulo, na Ilha de Tinharé, localizada na Costa do Dendê, baixo sul do estado da Bahia.
Para completar a receita, a regata é disputada em pleno verão baiano, tendo como participantes veleiros monotipos, todos catamarans, das classes Hobie Cat 14, 16, Supercat 17, Tornado, A-Cat, Hobie Tiger, entre outros. A velocidade é a marca registrada dessas embarcações.
Tantos atrativos resultaram na confirmação de 30 barcos para a quinta edição da regata, a ser realizada no dia 07 de fevereiro de 2009, sob organização do Yacht Clube da Bahia e apoio do Clube de Vela de Morro de São Paulo.
Além dos baianos, figuram entre os inscritos velejadores do Rio Grande do Sul, de São Paulo e Pernambuco. Para a edição de 2009 a regata contará ainda com a participação especial de dois consagrados catamarans de regatas de oceano da Bahia. O Nêga do comandante Horst e o Maguni do comandante Eduardo Costa.
A largada acontecerá às 10:00 do dia 07 de fevereiro em frente ao Yacht Clube da Bahia e previsão de chegada a partir das 14:30 em Morro de São Paulo. O Clube de Vela de Morro de São Paulo receberá os participantes com o tradicional almoço de entrega de prêmios e promoverá uma regata no dia 08 (domingo) que percorrerá as praias do Morro de São Paulo com o objetivo de divulgar a vela no local.


release oficial do Yacht Clube da Bahia - foto: André Carvalho

Telefónica Black e Delta Lloyd rumo ao Rio... de navio

Hoje, em Qingdao, o CEO da equipe Telefónica, Pedro Campos, confirmou que o Telefónica Black não irá participar nem da regata in-port da cidade chinesa nem da quinta perna da Volvo Ocean Race. O barco, que agora está em Singapura, será transportado para o Rio de Janeiro, onde o time irá praticar para a regata in-port da capital carioca. "A primeira coisa na qual estamos pensando é a segurança da tripulação," afirmou Campos. "Sabemos que a tripulação queria cruzar o Cabo Horn, mas segurança é a primeira prioridade."
Contudo, Campos fez questão de afirmar que o TeleNegro continua vivo na disputa: "Depois da chegada no Rio, metade dos pontos ainda estarão disponíveis na regata. O objetivo do time é tentar vencer as próximas pernas e as próximas in-ports. O segundo objetivo é dar à tripulação espanhola a máxima experiência de alto nível em regatas." Mas, como o rival pela luta pelo quinto lugar, o Ericsson 3, tem planos de seguir competindo em Qingdao, o Telefónica Black corre o risco de ficar muito atrás na briga, já que a quinta perna possuirá dois portões de pontuação, efetivamente dobrando a pontuação da prova.
Outro que irá ser transportado de navio para o Brasil é o Delta Lloyd. O skipper Chuny Bermudez se diz confiante para a segunda metade da regata, e que a equipe será uma das mais fortes da regata quando chegarem ao Rio. "Agora temos mais tempo para a preparação e isso vai nos permitir executar todos estes trabalhos (de reparo) mais facilmente. Quando voltarmos à corrida nós vamos lutar contra todos estes times para conseguir alguns bons resultados antes da chegada."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Olsson continua no comando do Ericsson 3

Hoje, o Ericsson 3 confirmou que Magnus Olsson continuará no posto de skipper da equipe, após a confirmação de que Anders Lewander, que levou o time a três pódios nas três primeiras etapas e sofreu uma lesão no joelho no caminho entre Cochim e Singapura, não participará na quinta perna da Volvo Ocean Race, entre Qingdao e o Rio de Janeiro. Contudo, a equipe ainda revelou que Olsson continuará no comando mesmo após a quinta perna, deixando a situação de Lewander na tripulação em jogo.
"Ser um skipper nesta corrida é um trabalho difícil e requer uma liderança altamente sintonizada com o time, e qualquer skipper que aceita o trabalho sabe dos desafios que essa posição traz," disse o diretor do Ericsson Racing Team, Richard Brisius. "Devido aos desafios que o Ericsson 3 terá pela frente, fizemos a decisão de mudar a dinâmica na equipe e pedimos que Magnus Olsson continuasse como skipper."
A equipe nórdica, que suspendeu a regata em Keelung, na ilha de Taiwan, ainda tem esperanças de consertar o barco em tempo hábil suficiente para voltar à regata e conquistar os quatro pontos destinados ao quinto lugar. "O que transforma isso num desafio maior ainda é o fato de que nós temos que consertar o barco em Taiwan para deixá-lo em condições de terminar esta perna e tentar deixá-lo pronto para largar na quinta perna. Com isso, a tripulação terá que fazer quase uma non-stop entre Taiwan e o Rio de Janeiro, parando rapidamente em Qingdao para se abastecer e começar a próxima etapa", continuou o diretor Richard Brisius. "Com isso, faz sentido procurar por uma liderança consistente e pedir a Magnus que continue no comando da equipe."

O grande "épico" da vela brasileira (Parte 2)

Dando continuidade à série "Veleiros que marcaram a História", hoje continuamos com a segunda parte da reportagem especial sobre o Brasil 1, primeiro representante canarinho na Volvo Ocean Race.
Logo na primeira perna de oceano da edição 2005-2006 da VOR, o Brasil 1 teve o gostinho de liderar a flotilha por várias milhas, até que o ABN Amro 1, que viria a ser o campeão, ultrapassou o time brasileiro. "Mas não ficamos muito chateados, afinal, desde que a regata no oceano havia começado, era justamente a 'zebra' brasileira que tinha liderado a maior parte do tempo," afirmou o comandante Torben Grael no livro Lobos do Mar.
No percurso entre Vigo e a Cidade do Cabo, a vantagem de ter construído o VO70 no Brasil foi definitiva, já que de todos os veleiros projetados por Bruce Farr que estavam correndo (Ericsson Racing Team, movistar e Pirates of Caribbean), apenas o Brasil 1 não havia sofrido danos severos na estrutura da quilha. Ao final da perna, os brasileiros chegaram em terceiro na Cidade do Cabo e puderam comemorar com um grande churrasco o fim da primeira etapa da odisseia.
A segunda perna, porém, não foi boa para os brasileiros. A quebra do mastro a 1200 milhas da costa oeste da Austrália frustrou os planos do time em terra, mas fez crescer a simpatia e o apoio à equipe brasileira nos quatro cantos do mundo: "Mensagens de todos, do Presidente da República até o mais simples torcedor, nos davam ânimo para enfrentar aquelas incontáveis milhas no nosso pássaro sem asa," conta Torben.
Os principais jornais australianos noticiavam a travessia do barco brasileiro pelas estradas do país em direção à costa leste com a manchete "Brasil 1, a Rainha do Deserto," uma alusão ao filme Priscila, a Rainha do Deserto. Mesmo com os reparos e a instalação do novo mastro concluídos em tempo recorde, os canarinhos não foram bem na in-port de Melbourne, conseguindo apenas o quinto lugar depois de problemas com o balão. Na terceira perna, em direção a Wellington, na Nova Zelândia, o Brasil 1 estava começando a voltar ao ritmo, e conseguiu um bom quarto lugar.
A ida para o Rio de Janeiro aumentava as expectativas do time: "Imagine só se chegarmos em primeiro lugar. O Rio de Janeiro terá uma rua Stu Wilson, uma avenida Kiko Pellicano e uma praia Knut Frostad," disse com bom humor o norueguês Knut. Depois da passagem pelo famoso Cabo Horn a quase 30 nós de velocidade, as calmarias prejudicaram a equipe e o time local só conseguiu o quarto lugar na chegada à casa.
Na regata in-port, o público compareceu em massa às praias cariocas, atingindo a imponente cifra de 70 mil pessoas, mais de 5 vezes a média de público do Brasileirão de futebol. Mesmo tendo ficado em quarto lugar, o Brasil 1 foi ovacionado pelos presentes como se fosse o vencedor. E era mesmo, já que a equipe liderada por Torben Grael conseguiu superar as adversidades e gravar o nome do país na Volvo Ocean Race.
Um dos momentos mais inesquecíveis foi a vitória do Brasil 1 na oitava perna, entre Portsmouth, na Inglaterra, e Rotterdam, na Holanda. Com muito esforço e uma liderança muitíssimo apertada para uma regata de dimensões oceânicas, o barco brasileiro ganhou do veleiro local, o ABN Amro 1, e fez uma grande festa no porto holandês. A imprensa local ficou decepcionada pela derrota do time da casa para a equipe brasileira: "Foi aí que um repórter mais afoito da TV holandesa se aproximou do navegador do Brasil 1, Marcel van Triest, e, forçando uma barra, perguntou: 'Como você se sente sendo o primeiro holandês a chegar em casa?' Marcel disse educadamente que era também brasileiro e abriu uma cerveja," relatou o comandante Torben Grael. Ao final da competição, na cidade sueca de Gotemburgo, o Brasil 1 e seus bravos tripulantes escreveram seus nomes para sempre na História, ao ultrapassar todas as dificuldades e conseguir um honroso terceiro lugar e elevar o país verde-e-amarelo ao topo da vela mundial.

fonte: GRAEL, Torben. Lobos do Mar - Os brasileiros na regata de volta ao mundo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2008 - fotos: Site Oficial do Brasil 1

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Palestra dos "Voortrekkers" atrai platéia interessada

Hoje à noite, a palestra dada pelo Almirante da Marinha da África do Sul Koos Louw e que contou com a participação dos seis tripulantes do Voortrekker na edição 2009 da Heineken Cape to Bahia foi um sucesso! Com uma presença de cerca de 20 pessoas no Terminal Náutico da Bahia, o Almirante Louw apresentou ao público presente o projeto da academia de vela de Izivunguvungu, e promoveu uma sessão de perguntas e respostas entre a platéia e os "meninos" que comandaram o SA 1.
O público ficou comovido com as histórias de vida dos seis rapazes que saíram do mundo das gangues e da mendicância e foram aceitos no projeto de responsabilidade social iniciado pelo Almirante Louw. Marcello Burricks, Marlon Jones, Kader Williams, Kenwyn Daniels, Eric Ntetana e Denver Daniels responderam atenciosamente às perguntas da platéia e contaram várias histórias das situações nas quais viviam e como a estrutura da escola de vela de Izivunguvungu mudou a vida deles. A tripulação ficará em Salvador até o dia 6, pois o "pioneiro" sofreu danos na mastreação que necessitam de reparo antes da volta para a África do Sul.

Consertos, consertos e mais consertos...

As consequências do Estreito de Luzon e da quarta perna da Volvo Ocean Race começam a pesar nas costas das equipes de terra dos times participantes, devido aos extensos reparos necessários nas embarcações para que continuem a participar na regata.
Os primeiros a chegar, Telefónica Blue, Puma Ocean Racing e Ericsson 4, necessitaram de apenas alguns poucos consertos e já poderão voltar às águas de Qingdao amanhã. Porém, Green Dragon, Telefónica Black, Delta Lloyd e Ericsson 3 terão ainda muito trabalho pela frente para deixar os grandes VO70's prontos para correr de novo. Mesmo os "dragões" tendo conseguido chegar à China, o shore team terá de trabalhar entre 18 a 20 horas por dia para levar o time da casa de volta ao mar, e a previsão do próprio chefe da equipe para o término dos reparos é quinta-feira à noite.
O Telefónica Black voltou para Singapura para concluir os reparos, mas a ausência do time já está confirmada para a regata in-port deste sábado. As apostas também não sorriem para o TeleNegro, pois muitos esperam que o barco chegue ao Rio de Janeiro... transportado. Em compensação, os deuses sorriem para o Ericsson 3, que têm esperanças de consertar tudo e chegar em Qingdao a tempo da largada da quinta perna.
E o Delta Lloyd? A equipe liderada por Chuny Bermudez pôs o plano B em ação e levarão o barco para o Rio de Janeiro. Pelo menos à vela? Nem isso... O barco está indo em direção à "Cidade Maravilhosa" de navio. E ainda há o Team Russia, que não correu a quarta perna por falta de patrocínio (ou os deuses os protegeram?) e navegaram em direção à Cidade do Cabo para se juntarem de novo à flotilha no Rio de Janeiro.

Cerimônia de premiação da Cape to Bahia acontece no Yacht Clube

Na noite do domingo passado, ocorreu a premiação da Heineken Cape to Bahia nas instalações do Yacht Clube da Bahia, numa festa marcada pela alegria dos barcos campeões em cima do palco. Dentre os presentes na mesa, estavam o Presidente da FENEB, Arnaldo Pimenta, os Comodoros do Royal Cape Yacht Club, John Martin e do Yacht Clube da Bahia, Marcelo Kruschewsky, o representante da SUDESB, Prof. Ney Santos e o representante da cervejaria Heineken, Franco Maggi.
O Troféu De Beers, feito de prata maciça e cravejado com diamantes, reservado para os line-honours, ou "fitas azuis", foi vencido pelo britânico ICAP Leopard, enquanto o Troféu do Atlântico Sul, feito inteiramente de ouro branco, é entregue ao vencedor no handicap, ou tempo corrigido, que na edição 2009 foi o americano Rambler. Na classe cruzeiro, o fita azul foi o inglês Kealoha 8 of Southampton.
Do mesmo modo que todos os comandantes, ao chegarem, assinaram a bandeira brasileira no Terminal Náutico, na festa os capitães assinaram os nomes das suas embarcações na bandeira sul-africana, que ficará na FENEB como uma recordação de um dos maiores eventos da vela mundial, que foi realizado mais uma vez com muito sucesso. Até 2012!